terça-feira, 11 de novembro de 2008

Um beijo...


"Trocaria a memória de todos os beijos que me deste por um único beijo teu. E trocaria até esse beijo pela suspeita de uma saudade tua, de um único beijo que te dei."


Miguel Esteves Cardoso

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Não me cortem as asas!!!

...Pediram-me para que retratasse um momento importante da minha vida... e aqui está! Desilusão? Dor? Morte? Talvez... Eu chamar-lhe-ia perda! É a expressão mais correcta! Não notas uma alteração em mim? Sim, tu! O que tenho de diferente além de lágrimas de revolta no lugar de brilho de felicidade? As asas!!! Já não tenho uma asa, perdi-a... ou melhor, cortaram-ma! Após cinco anos de luta e crença numa carreira de fotojornalismo, soube, com as mais cruas palavras, que não tenho jeito pra fotojornalismo! Depois de tanto tempo a voar a acreditar que o fazia como ninguém, cortaram-me uma asa, e mesmo tendo a outra, sem uma é impossivel voar! Amo o meu trabalho, sendo ele puro fotojornalismo ou não, amo a minha definição de fotojornalismo! Amo o trabalho de James Nachtwey, como o congelamento de uma dor, de um grito, de uma crença ou de uma lágrima! Queria calar o mundo com as minhas imagens, assim como o choro de uma criança no meio de uma guerra! Queria mostrar o que monstros em forma humana conseguem destruir por causa da sua ganância, de dinheiro, de poder! Morram todos!!! Ainda que nao seja eu, desejo boa sorte aos que nos trazem essas imagens e que tenham sempre coragem para continuar!
"Esta não é a sua area!" diz ele com a certeza de que o céu é sempre azul e nunca tem tons alaranjados ou cinzas... De facto ou o fotojornalismo não é mesmo para mim ou se calhar até é, mas não tive a sorte de captar um momento de guerra...se calhar porque estava fechada num estudio!
Nunca gostei de me mostrar para que não me gozassem, sempre escondi os meus textos, as minhas angústias, tal como os sentimentos e sonhos... Tinha medo que viesse alguém e me repreendesse, destruindo-me o sonho! Tal como o pai natal, numa noite de natal, ouvi os familiares comentarem entre si "Oh, achas que ela não sabe que o pai natal não existe?!" De facto... Que idiota, não é? Se ele existisse entraria pela porta e não pela chaminé... Surpreendia-me em vez de pedir uma carta dentro de uma meia... Foi o pior natal da minha vida... E deixei cair a ilusão da sua existência para debaixo da árvore juntamente com os presentes que acabei por não abrir!
"Então Paty o que queres ser quando fores grande?" "Fotojornalista!!!" Antes não tivesse crescido, não quero ser grande! Quero sonhar e lutar para que se realizem, quero ser eu a decidir o que fazer do meu futuro e não colocar esse futuro na mão de professores que após uma semana de contacto comigo decidem que sou uma merda de fotógrafa! Esta foi a reacção a esta chapada da vida...E como "um fotojornalista não tem sentimentos, por isso não chora!"... Rendo-me! Aqui têm as minhas lágrimas, o pontapé na porta, o meu virar de costas...
Percebem agora o porquê desta escolha para o "tal" momento importante da minha vida? Se há coisa que sempre evitei foi destruir sonhos, é a unica coisa que nos pertence só a nós e só partilhamos se quisermos... Nunca deixei que me proibissem de voar... E por isso agora cortaram uma para que não fosse possivel voar de novo!
Mas não desisto... Vou até onde a minha memória fotográfica me levar, se for preciso voar... uma asa já tenho, posso construir a outra!
E já sabem, surportaria qualquer coisa, mas não ficar sem a outra asa!
Cláudia d'Almeida